O que é o Transtorno do Pânico?
O objetivo deste artigo é informar a população acerca de todas as características inerentes ao Transtorno do Pânico, para que em caso de identificação com os sintomas que serão elucidados a seguir, a população procure o profissional e o tratamento adequado, visto que os sintomas do Transtorno do Pânico causam muito sofrimento físico e emocional, não desaparecem espontaneamente, paralisando varias áreas da vida e requerendo, portanto, um tratamento especializado para que a pessoa possa usufruir de uma vida saudável e de qualidade.
O que é?
O Transtorno do Pânico está classificado entre os Transtornos de Ansiedade. Sendo um tipo específico de ansiedade, este apresenta em seu repertório comportamental respostas de luta e fuga diante de uma ameaça real ou imaginária, bem como sintomatologia bastante característica.
Todos apresentamos um certo grau de ansiedade considerada normal, e esta nos motiva na execução das atividades diárias e tem fator protetivo. Necessitamos deste “estado de alerta” para transpormos desafios e isto é saudável. No entanto, quando a ansiedade é exacerbada, caracteriza-se como uma patologia, visto que o organismo passa a um constante “estado de alerta” sendo muito prejudicial, pois dificulta a vida do indivíduo.
O que é um ataque de pânico?
Um ataque ou crise de pânico se caracteriza por um desequilíbrio ou alteração neuroquímica no cérebro de alguns neurotransmissores como a serotonina e a noradrenalina. No caso de um ataque de pânico, esta descarga de adrenalina prepara o organismo para a luta ou fuga sem que haja uma ameaça específica, sem que exista uma ameaça real, se caracterizando por um estado agudo e extremo de medo irracional, em um curto período de tempo em que atinge o ápice de extrema ansiedade entre 15 a 30 minutos.
Esta descarga neurovegetativa é acompanhada de muito sofrimento físico e emocional. Um ataque de pânico deverá apresentar pelo menos quatro sintomas ansiosos simultaneamente. Vale a pena corroborar que a característica principal de uma crise de pânico é um medo exacerbado, irracional e difuso, sem causa aparente, portanto onde não são encontrados deflagradores ambientais que justifiquem naquele momento o desencadeamento dos sintomas que agora serão esclarecidos.
Sintomas do Transtorno do Pânico:
No transtorno do pânico não existe um “gatilho” aparente ou fatores que possam desencadear uma crise, ou seja, a pessoa está tranquila, desempenhando suas atividades cotidianas, em atividades de lazer ou até mesmo dormindo, quando “de repente”, “do nada” emergem sintomas de: Falta de ar, tonturas, tremores, visão turva, náuseas, suores e calafrios, boca seca, ondas de calor, formigamento nas extremidades (mãos e pés), sensação de desmaio, dores de cabeça, agitação, taquicardia (palpitações), sensação de morte iminente, medo de enlouquecer, desrealização e despersonalização.
Por apresentar sintomas neurovegetativos de intensa taquicardia seguido de falta de ar ou sensação de sufocamento, a pessoa pensa que está tendo um enfarto cardíaco e que vai morrer, sendo muito comum a procura por emergência, pronto-socorro ou ambulância por queixa cardíaca ou neurológica. Vale a pena ressaltar que um episodio isolado de crise de pânico não fecha um diagnóstico de transtorno do pânico.
Qualquer pessoa pode ter uma crise isolada em situações de extremo estresse. Para que seja diagnosticado o transtorno, as crises tem que ter uma frequência e recorrência em um determinado espaço de período e tempo. Este quadro da frequência das crises é personalizado, ou seja, varia de pessoa para pessoa. Alguns pacientes podem sofrer 3 ataques em um dia; outros pacientes, 1 ataque em 1 semana, por exemplo.
O que é ansiedade antecipatória?
Ansiedade antecipatória é o medo que outra crise ocorra. O individuo “tem medo de ter medo”. Sendo assim, passa a desenvolver comportamentos de esquiva das circunstâncias e locais em que a crise ocorreu, podendo também generalizá-la para outros locais. Em alguns casos, pode desenvolver a agorafobia, que é o medo de estar em locais abertos, em que se sinta desamparado, desprotegido e que seria difícil fugir ou receber ajuda médica caso uma ocorra outra crise viesse a ocorrer.
A etiologia ou causa(s) do Transtorno do Pânico ainda não foi bem esclarecida. O que se sabe a respeito é que fatores multideterminados estão envolvidos: fatores genéticos, fatores ambientais e psicossociais estressogenos, como traumas, lutos e perdas mal elaboradas, mudanças inadaptadas, situações de desamparo, ansiedade de separação, bem como a própria personalidade da pessoa são fatores contributivos que explicam as causas do surgimento do transtorno do pânico. O fator genético é relevante no desenvolvimento do transtorno, mas pessoas sem predisposição genética também podem desenvolvê-lo, dependendo do estilo de vida e de fatores idiossincráticos e estressantes.
Diagnóstico:
Como foi relatado anteriormente, para que seja diagnosticado o Transtorno do Pânico, as crises têm que ter uma frequência em um determinado espaço de período e tempo, com a sintomatologia que foi elucidada.
Embora não seja diagnosticada através de exames clínicos, trata-se de um problema real e grave, necessitando, portanto, de tratamento urgente para que o paciente volte a ter uma vida de qualidade, de modo que retome suas atividades cotidianas, pois muitas vezes, com os constantes ataques de pânico, o indivíduo passa a apresentar comportamento de evitação e esquiva a lugares e circunstancias onde aconteceu uma crise. Desta forma, o medo de uma nova crise o faz parar todas as atividades, causando prejuízo em sua vida ocupacional, relacional e social. Normalmente o paciente se isola por ter medo que ocorra uma nova crise.
Nota Importante 1: Algumas doenças podem apresentar alguns sintomas iguais aos do Transtorno do Pânico. Por este motivo, a importância precípua da realização dos exames clínicos para refutar a existência de doenças físicas e para ter elementos para se fechar um diagnóstico de Transtorno do Pânico.
Nota Importante 2: É necessário que profissionais da saúde e principalmente os que trabalham em emergências e pronto-socorros, estejam habilitados para reconhecer uma crise de pânico, de modo que após realizados todos os exames clínicos necessários, o paciente seja encaminhado para o psiquiatra e/ou psicólogo para que o paciente inicie o tratamento.
Tratamento:
Para um tratamento eficiente, é necessário um diagnóstico preciso. Após o diagnóstico de transtorno do pânico, o tratamento ideal e eficaz é a associação da medicação com a psicoterapia. Caso o Transtorno do Pânico não seja devidamente tratado, as frequências das crises podem se intensificar em curtos espaços de tempo, causando limitações e afetando todas as áreas da vida da pessoa, que passa a se isolar. Como consequência do isolamento social, o paciente pode desenvolver um quadro depressivo, dentre outras comorbidades.
Tratamento Médico:
A função da medicação é regularizar as funções bioquímicas cerebrais. No tratamento medicamentoso, farmacológico ou alopático do Transtorno do Pânico, utiliza-se os inibidores seletivos de recaptação da serotonina, os antidepressivos tricíclicos, os antidepressivos atípicos e os inibidores da monoamina oxidase, dependendo do paciente. Pode-se associar alguns benzodiazepínicos (calmantes) no início do tratamento, pois estes devem ser utilizados em curto período de tempo, sendo recomendados somente nas crises agudas de pânico. O tempo do tratamento farmacológico varia de 6 meses a 1 ano, dependendo da resposta do paciente.
A medicação começa a fazer efeito entre 2 (duas) a 4 (quatro) semanas após o início do tratamento. Existem pacientes refratários à medicação e neste caso este utiliza-se dos benefícios da psicoterapia.
ATT.: Se optou por iniciar um tratamento medicamentoso, é importante cumprir o tratamento até o final, mesmo com sinais de melhora. Tratamento medicamentoso interrompido não garante a cura e os sintomas podem retornar ainda piores.
Tratamento psicoterápico:
A psicoterapia é um trabalho extremamente relevante no processo do tratamento, pois somente através de “insights” e da ressignificação de vivências que contribuíram para o processo de adoecimento, é que o paciente se dá conta do que aquela doença representa e está tentando “dizer” a ele através dos sintomas específicos.
Existem muitas abordagens psicoterápicas e todas elas são excelentes. No entanto, a modalidade psicoterápica que tem se mostrado muito eficiente no tratamento dos Transtornos de Ansiedade é a TCC ou Terapia Cognitivo-comportamental. A TCC trabalha com os padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos do paciente, bem como com as respostas disfuncionais e distorções cognitivas diante das circunstâncias da vida, de modo a promover a reinserção do indivíduo na sociedade de modo adaptativo e funcional.
Tratamentos adicionais:
Alguns tratamentos adicionais são muito efetivos para quem sofre de Transtorno do Pânico. Dentre eles estão: Relaxamento muscular progressivo (RMP), participação em grupos de apoio, yoga, respiração diafragmática, meditação, massagens relaxantes (no couro cabeludo é muito recomendada), alimentação equilibrada, tratamentos homeopáticos, fitoterápicos, acupuntura e hipnose.
Muito importante evitar substâncias que ativem o sistema nervoso simpático, tais como a ingestão de café excessivo, dentre outras substancias que contenham cafeína, teína e estimulantes, como, por exemplo, o guaraná. Evitar bebidas alcoólicas e cigarro.
Nota: Este artigo é parte do livro digital “Transtorno do Pânico: Sintomatologia, Diagnóstico, Tratamento, Prevenção e Psicoeducação”
Fonte: CONTIoutra