Pânico: o Medo de Sentir Medo
A síndrome do pânico é um tipo de transtorno psicológico relacionado à ansiedade, caracterizando-se pela ocorrência de repetidas e inesperadas crises ansiosas que ocorrem de forma aguda e intensa, acarretando alterações emocionais e corporais. Uma pessoa com síndrome do pânico faz interpretações equivocadas e catastróficas dos acontecimentos, aumentando a sensação de medo intenso de que algo ruim possa acontecer, como morte iminente, ou até mesmo pela expectativa de ter novas crises a partir de interpretações das próprias reações e sensações corporais. Apesar de ter uma prevalência maior em pessoas ativas com mais de 20 anos, o transtorno pode aparecer em qualquer idade, inclusive em crianças.
O ataque de pânico tem um início súbito e aumenta rapidamente, atingindo o seu pico, em geral, em 10 minutos, acompanhado por um sentimento de perigo ou catástrofe iminente e um anseio por escapar. Diante de uma crise de pânico, a pessoa sente intensa palpitação, calafrios ou ondas de calor, suor em excesso, falta de ar, tremor, náusea ou desconforto abdominal, tontura, sensação de não conseguir respirar, além de medo de perder o controle, de morrer e de enlouquecer. Também é comum que crises de pânico sejam acompanhadas por “agarofobia”, que é o temor de estar sozinho em lugares dos quais não se consiga sair rapidamente, se necessário, ou caso sinta-se mal.
A síndrome do pânico compromete todos os aspectos da vida de uma pessoa, sejam eles pessoais ou profissionais.Normalmente, um indivíduo que apresenta o transtorno passa a viver na expectativa de novas crises, evitando situações das quais tema ou que o façam se sentir impotente e, assim, sujeito a novos ataques de pânico. Com isso, ele passa a evitar lugares específicos, algumas atividades e, muitas vezes, até sair de casa, limitando as suas experiências.
Embora a genética e o ambiente possam ser fatores determinantes para o surgimento da síndrome do pânico, é significativo o aumento da ansiedade patológica devido às demandas da vida moderna e à dificuldade da pessoa em reconhecer e lidar com questões subjetivas, deixando-a, dessa forma, à deriva com suas emoções. Entre as demandas da vida moderna estão aquelas relacionadas a um momento profissional intenso, dificuldades financeiras, perda de alguém querido, dificuldades afetivas ou sexuais, nascimento de filhos, mudanças inesperadas, problemas de saúde e outros, que se manifestam em momentos específicos da vida.
Tratamento
O tratamento da síndrome do pânico com psicoterapia é fundamental para se investigar e entender a origem do transtorno. O tratamento deve ser específico e especializado para cada pessoa, que irá aprender a identificar e a lidar com os processos que poderiam levá-la a uma posterior crise, possibilitando que consiga produzir e criar e evitando que se imobilize diante da sensação provocada pela crise, que esvazia e despotencializa.
Na primeira etapa do tratamento com psicoterapia, o indivíduo aprende a prever e a controlar as crises por meio de técnicas específicas, fazendo com que atue sobre os processos mantenedores da ansiedade e que ativam os ataques de pânico. Porém, o controle das crises não significa a cura. Em alguns casos, é fundamental combinar a psicoterapia com o acompanhamento de um médico psiquiatra para o sucesso do tratamento, pois, muitas vezes, se faz necessário o uso de medicamentos para aliviar os efeitos físicos provocados pelo desequilíbrio bioquímico no organismo.
A duração do tratamento da síndrome do pânico depende de uma série de fatores e de cada caso. Normalmente, a pessoa aprende a controlar as crises em até seis meses por meio de técnicas da terapia cognitiva comportamental. Porém, uma avaliação mais completa com o objetivo de descobrir o motivo pelo qual a síndrome se instaurou e, dessa forma, auxiliar o indivíduo a desenvolver a capacidade de aprender a se agenciar e administrar a ansiedade, ocorre por meio de um processo psicoterapêutico mais longo.
Autora: Mary Scabora